DRA MARIA DE JESUS RECEBE TÍTULO DE MEMBRO HONORÁRIA DO CORPO CLÍNICO DA SANTA CASA MONTES CLAROS


Na noite de ontem (07) familiares, médicos e amigos estiveram presentes em uma homenagem especial para a Dra Maria de Jesus Santos Rametta. Aos 88 anos, a obstetra, que já está aposentada, é considerada uma das personalidades mais ilustres da área médica do Norte de Minas. Durante a cerimônia, a Dra Maria de Jesus, cuja história transcende gerações, representando também um marco na ética e no profissionalismo médico, recebeu das mãos do superintendente da Santa Casa Montes Claros, Maurício Sérgio, o Título de Membro Honorária do Corpo Clínico do hospital.

 

“A história da nossa maternidade foi marcada pela Dra Maria. A partir da atuação e graças a ela somos considerados uma referência em partos de alto risco. Nos sentimos muito honrados em tê-la como membro honorária do Corpo Clínico da Santa Casa Montes Claros. Peço a Deus que continue abençoando-a e guiando sua trajetória”, disse Maurício Sérgio. Representando o Corpo Clínico do hospital, o diretor clínico Geraldo Guinomar Alcântara explica que a escolha pelo nome de Maria de Jesus foi unânime. “De acordo com nosso regimento, o título é dado para pessoas que desenvolveram um virtuoso e notório trabalho. Dessa forma, por isso e pela dedicação social aos mais necessitados e por sua atuação, a Dra Maria de Jesus passa a ser Membro Honorária do nosso Corpo Clínico”, fala.

Trajetória de Dra Maria de Jesus na Santa Casa Montes Claros

Três de outubro de 1963. Esta é a data em que a ginecologista e obstetra Maria de Jesus chegou à Santa Casa Montes Claros. “Eu trabalhava com o Dr. Aroldo. Ele adoeceu e me pediu para tomar conta da maternidade durante um mês. Ele acabou tendo uma complicação cirúrgica e veio a óbito. Nessa época, a maternidade não era estruturada com plantões. As irmãs faziam os partos naturais e só nos chamavam quando havia alguma complicação”, conta. Foi então que um colega de Maria veio de Belo Horizonte e a orientou a organizar os plantões na maternidade. “Tinha dia que íamos até quatro vezes ao hospital para realizar os partos. Ele viu que isso não estava dando certo e, a partir daí, começamos a organizar a maternidade. Cada médico permanecia por doze horas no hospital e só saía quando o próximo chegava”, lembra.

Dra. Maria também recorda, com orgulho, do projeto piloto que deu início ao Sistema Único de Saúde (SUS), em Montes Claros. “Bom ou ruim, fomos nós que começamos”, afirma. Ela também esteve presente nas atividades que deram início à Faculdade de Medicina de Montes Claros com médicos como Mário Ribeiro, Hermes de Paula, Geraldo Machado, Antônio Augusto Tupinambá e outros. “A Santa Casa era o ponto de apoio da Famed com a parte de cirurgia, clínica médica, ortopedia, obstetrícia e outras áreas. Só depois conquistamos o Hospital Universitário”, conta.

Quando cursou medicina, em Belo Horizonte, Maria explica que ainda não havia a residência médica. “Um professor te ‘apadrinhava’ e você o acompanhava durante os plantões para aprender a especialidade.  Eu fiz cursos de especialização antes de vir para Montes Claros. Participei da primeira turma a fazer o curso de Colposcopia, Colpocitologia e Peritoneoscopia em Belo Horizonte. Um médico de Uberlândia havia encomendado um Colposcópio da Alemanha, desistiu e passou o equipamento para mim. Foi o primeiro de Montes Claros”, conta.

Maria de Jesus recorda que no início da carreira na medicina na Santa Casa não existia banco de sangue. “Atualmente a Hemominas fornece [o sangue]. Naquela época, chegavam muitos casos graves de hemorragia. A gente tinha que sair na rua, correndo, procurando doador. Doei muito sangue para casos de emergência. Isso é uma coisa que me orgulho de falar: salvei muitas vidas. Não como profissional, mas como doadora de sangue”, relembra.

A médica aposentada se emociona ao dizer o que a Santa Casa representa para ela. “Eu fui acolhida pela Santa Casa. As irmãs me deram muito apoio. Foi onde eu consegui trabalhar, onde consegui realizar meu sonho de ser médica e de ajudar as pessoas. Acho que hoje as pessoas não valorizam tanto o bem que a Santa Casa faz para todo mundo. É um hospital do interior que oferece tudo. Tudo que eu me propus a fazer lá dentro, eu consegui alcançar. Por mim, eu continuaria trabalhando por mais uns dez anos. Mas chega um ponto que a gente precisa mudar o rumo”, finaliza.

 

Texto: Ana Paula Paixão / Fotos: Carol Rametta

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