SAÚDE MENTAL PARA QUÊ?


(*) Letícia Imperatriz

Antes de começar precisamos nos questionar: para que saúde mental? É importante? Nós fazemos isso, pois observamos mais e mais casos de  pessoas apresentarem adoecimento mental no Brasil e no mundo e o que temos feito?

Segundo dados da Secretaria Nacional da Família, “houve no Brasil significativo aumento do número de indivíduos que reportaram diagnóstico de depressão por profissional de saúde mental” (BRASIL, 2022, p. 4). Esses dados fazem referência a um comparativo entre os anos de 2013 e 2019.

Em continuidade a Secretaria informa que em 2019, 10,2% das pessoas com 18 anos ou mais de idade referiram ter recebido tal diagnóstico, o equivalente a aproximadamente 16,3 milhões de pessoas.

O percentual apresentou um aumento de 34% em relação a 2013, quando havia 7,6% de pessoas em situação equivalente” (BRASIL, 2022, p. 4). Assim, é preocupante que esses dados estejam crescendo e no que se refere às questões de gênero, os dados de depressão são maiores entre mulheres do que homens.

Ao realizar um recorte para a cidade de Montes Claros temos uma dificuldade em encontrar os dados, contudo em um estudo realizado no período entre 2007 a 2017 foram ocasionados 182 suicídios que corresponde a 0,8% da mortalidade geral. O sexo masculino representa a maioria dos casos.

Em ambos os sexos, pessoas solteiras, de 30 a 59 anos e de raça parda foram as mais afetadas” (DIAS; ARAÚJO; BARBOSA, 2020, p. 42). Apesar desses dados alarmantes, nós percebemos que eles se referem até o ano de 2017 e que já se passaram seis anos desde a pesquisa e esses números podem ter mudado.

Para além disso, referem-se aos casos consumados, ou seja, se pensarmos em dados de tentativas podemos ter um número maior. Além de não apresentar dados ao que se refere à lesões auto flageladas.

O estudo evidencia que há também subnotificação ao que se refere a esse problema que é a saúde pública.

Nós sabemos e temos relatos de pessoas próximas que tiveram tentativas ou conhecem pessoas que tentaram ou consumaram o autoextermínio. Entretanto, para preservar suas identidades, não traremos esses dados que são dos últimos cinco anos. Entre os dias em que este texto fora escrito e o presente momento, nós perdemos uma pessoa em detrimento do adoecimento mental, essa pessoa deixou a vida jovem e com muitos sonhos pela frente.

No que tange a população LGBTQIA+, vale ressaltar que comumente são excluídas de vários grupos sociais, seja pelos próprios pais, famílias e ou pela sociedade, tendo constantemente sua orientação e/ou identidade questionadas.

A discriminação, notavelmente, gera uma série de efeitos negativos sobre a saúde mental desses indivíduos e contribui para o seu adoecimento.

Ao pensarmos no tratamento dessa temática, nós nos remetemos ao Setembro Amarelo, mas tem sido suficiente? Estamos em junho e pessoas estão morrendo.

Onde estão as políticas públicas para lidar e tratar do adoecimento mental? Onde estão as discussões, audiências, proposição de projetos e recursos para trabalhar a saúde mental das pessoas em Montes Claros? não existe! Até quando essa temática será negligenciada como muitas outras pelas autoridades competentes até beirar a insustentabilidade? Estamos acostumados com essa última opção em Montes Claros, afinal Saúde Mental para quê?

 

(*) Graduada em Ciências Sociais e Mestranda em Desenvolvimento Social pela Unimontes. Coordenadora Adjunta Estadual da Aliança Nacional LGBTI em Minas Gerais.

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