Saúde Mental: Aliança LGBTI chama atenção para o crescimento no número de autoextermínio em Montes Claros


Pesquisa aponta 182 pessoas tiraram a própria vida entre 2007 e 2017 na cidade; No Brasil, mais de 16 milhões de pessoas afirmam ter recebido diagnóstico de algum sofrimento mental   

 

A Coordenadora Adjunta Estadual da Aliança Nacional LGBTI em Minas Gerais, Letícia Imperatriz, graduada em Ciências Sociais e Mestranda em Desenvolvimento Social pela Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) faz um alerta para a Saúde Mental e chama a atenção para dados alarmantes e que preocupam.

Segundo dados da Secretaria Nacional da Família, “houve no Brasil significativo aumento do número de indivíduos que reportaram diagnóstico de depressão por profissional de saúde mental” (BRASIL, 2022, p. 4).

Esses dados fazem referência a um comparativo entre os anos de 2013 e 2019. Em 2019, segundo o Governo Federal, 10,2% das pessoas com 18 anos ou mais de idade referiram ter recebido tal diagnóstico, o equivalente a aproximadamente 16,3 milhões de pessoas.

O percentual apresentou um aumento de 34% em relação a 2013, quando havia 7,6% de pessoas em situação equivalente” (BRASIL, 2022, p. 4). Quando são levadas em conta as questões de gênero, mulheres sofrem mais de depressão do que homens.

Em Montes Claros, segundo Letícia Imperatriz, não há um banco de dados consistente sobre sofrimento mental nos mais diversos tipos. Porém, ela ressalta que em um estudo realizado entre 2007 e 2017, foram ocasionados 182 suicídios que corresponde a 0,8% da mortalidade geral.

O sexo masculino representa a maioria dos casos. Mas quando se leva em conta tanto homens quanto mulheres, os casos de autoextermínio é mais comum em pessoas solteiras, da raça parda e com idades entre 30 a 59 anos. (DIAS; ARAÚJO; BARBOSA, 2020, p. 42).

“Estes dados só tratam de casos consumados, porque as tentativas não possuem registros e podem ser um número ainda maior. Assim como as lesões de auto flagelação que também não são computadas. O estudo evidencia que há subnotificação ao que se refere a esse problema de saúde pública”, destaca a ativista dos diretos humanos e LGBTI. Indignada, Letícia Imperatriz desabafa ironicamente: “Saúde mental pra quê?”, já que segundo a Coordenadora Adjunta Estadual da Aliança Nacional LGBTI em Minas Gerais, 182 pessoas tiraram a própria vida em Montes Claros entre 2007 e 2017. “Esses dados preocupam, ainda mais quando as questões sobre orientação sexual são levadas em conta. A discriminação do publico LGBTQIA+, por parte da família ou sociedade, é uma das causas para desencadear o adoecimento mental. Ações como setembro amarelo e outras políticas públicas são importantes, mas ainda não tem apresentado um resultado consistente. É preciso que se desenvolva mais propostas de projetos e também incentivos com recursos para se trabalhar políticas publicas de saúde mental, principalmente em cidades como Montes Claros”, ressalta a cientista social.

A discriminação, notavelmente, gera uma série de efeitos negativos sobre a saúde mental desses indivíduos e contribui para o seu adoecimento.

Ela finaliza com alguns questiamentos e “feridas abertas” dentro da sociedade. “Ao pensarmos no tratamento dessa temática, nos remetemos ao Setembro Amarelo. Mas tem sido suficiente? Estamos em junho e pessoas estão morrendo. Onde estão as políticas públicas para lidar e tratar do adoecimento mental? Onde estão as discussões, audiências para trabalharmos a saúde mental das pessoas em Montes Claros? não existe! Até quando essa temática será negligenciada como muitas outras pelas autoridades competentes até beirar a insustentabilidade? Estamos acostumados com essa última opção em Montes Claros, afinal Saúde Mental para quê?”, finaliza.

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