Exposição inédita apresenta a história da cerveja no Museu Regional do Norte de Minas


bebida surgiu na antiga Mesopotâmia – mostra vai até 27 de janeiro

 

Você sabe onde surgiu a cerveja? E como ela é fabricada? As respostas para estas perguntas e outras informações sobre a história da bebida mais consumida pelos brasileiros serão apresentadas em uma exposição inédita que acontecerá no Museu Regional do Norte de Minas (MRNM), vinculado à Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes). A entrada é gratuita.

A exposição “Da Mesopotâmia ao Sertão: Uma Breve História da Cerveja” será aberta neste sábado (06/01) e prosseguirá até o dia 27 de janeiro. Durante a mostra, por meio de painéis, imagens e vídeos, serão apresentados ao público a história da cerveja desde o surgimento da bebida, na antiga Mesopotâmia, até os dias atuais.

Os visitantes também vão conhecer as etapas da produção da cerveja artesanal e terão contato direto com os ingredientes usados no processo, podendo sentir a textura e o aroma dos produtos, além de outras curiosidades da cultura cervejeira.

“O principal objetivo da Exposição é apresentar ao público a história da cultura cervejeira no mundo, passando pelo Brasil, Minas Gerais e chegando a Montes Claros. Assim, será possível perceber como a história da cerveja dialoga com o desenvolvimento da humanidade até o seu processo civilizatório, mediando sociabilidades e afetos”, afirma o diretor do Museu Regional, Georgino Jorge Souza Neto.

Com a curadoria do Museu Regional, a exposição inédita tem a parceria da Associação dos Cervejeiros Artesanais de Minas Gerais – Regional Norte/Acerva Norte Mineira – e a organização das Cervejarias Mut, Empírica e Casa Nobre.  “A exposição será importante para aumentar o conhecimento da população de nossa região sobre a cultura cervejeira demonstrando sua história, estilos e sua forma de produção”, afirma Alexandre Moura, novo presidente da Acerva Norte Mineira, que será empossado neste sábado.

 

Apresentação da “brassagem”, primeira etapa da produção cervejeira

Neste sábado, a partir das 8 horas, no Museu Regional, será apresentada a “brasagem”, primeira etapa do processo da produção da cerveja artesanal.

Às 10 horas, será proferida a palestra “Cerveja: a magia a partir de quatro ingredientes (água, malte, lúpulo e levedura). O palestrante será o mestre cervejeiro e empresário do setor Éder Queiroz Araújo, da Cervejaria Empírica.

Éder Queiroz destaca que o público vai conhecer quais sãos os principais ingredientes para fazer uma cerveja, como eles influenciam no sabor, cor, aroma nos estilos da cerveja. Também vão receber informações sobre estilos do processo e “como cada um dos ingredientes é responsável por determinado perfil sensorial da cerveja artesanal”.

Após a posse da nova diretoria da Acerva Norte Mineira, às 11 horas, haverá a abertura oficial da exposição “Da Mesopotâmia ao Sertão: Uma Breve História da Cerveja”.

 

Importância dos ingredientes da cerveja artesanal

O mestre cervejeiro Éder Queiroz ressalta a importância de cada um dos ingredientes usados na produção artesanal da bebida. A água representa 90% da cerveja, sendo que os parâmetros da água, como pH e dureza influenciam diretamente em sua qualidade e características.

Já o malte, afirma, é constituído pelas inúmeras variedades de grãos, que são responsáveis por gosto, coloração, teor alcoólico, o que possibilita uma infinidade de estilos a partir de suas combinações.

O lúpulo é responsável direto pelo amargor da cerveja. Trata-se do ingrediente que define as cervejas mais ou menos amargas e aromáticas. O lúpulo possui ainda capacidade bariostatica que ajuda na conservação das cervejas.

Por sua vez, as leveduras são responsáveis pela conversão dos açúcares em álcool e gás carbônico, além de em determinados tipos de cerveja produzir aromas e sabores desejáveis.

 

Conheça a história da cerveja

A importância da cerveja para a antiguidade foi bastante documentada em escritos antigos e iconografias, particularmente encontrada na cultura egípcia e mesopotâmica. Na China também aparecem registros datados de 4000 anos a.C. sobre a “kiu”, cerveja feita à base de cevada, trigo, milho e arroz. No entanto, relatos antigos sobre a bebida supõem origem mitológica: a cerveja seria criação de Osíris, deus egípcios da terra e dos vegetais.

O Livro dos Mortos, do Antigo Egito, faz menções sobre cerveja fabricada com cevada. Porém, a origem das primeiras cervejas e a prática da cervejaria origina-se na antiga Mesopotâmia, mais precisamente da Suméria – na região conhecida como Crescente Fértil, entre o Tigre e o Eufrates –, onde a cevada crescia em abundância.

A cerveja feita de cevada maltada era consumida na Mesopotâmia, em 6.000 a.C., e não era usada somente na dieta, pois ainda exercia função medicinal e cosmética. Antigos escritos encontrados em tábuas de argila revelam que a fabricação de cervejas era uma ocupação muito respeitada na antiga Mesopotâmia, e que a maioria dos fabricantes de cerveja eram mulheres. O ofício da fabricação de cerveja foi a única profissão na Mesopotâmia que derivou de sanção social e proteção de divindades femininas, especialmente de: Ninkasi, deusa da cerveja; Siris, patrona da cerveja, e Siduri, a taberneira, deusa associada a fermentação do vinho e da cerveja.

Existem registros históricos de leis sobre a cerveja no mundo. Em 1.770 a.C. o Código de Hamurabi, da Babilônia – o mais antigo código de leis conhecido – já previa punição com pena de morte àqueles que diluíssem a cerveja que vendiam. Papiros egípcios, datados de 1.300 a.C., também fazem referência ao regulamento da venda de cerveja.

 

Descoberta acidental

A cerveja foi uma descoberta acidental, e acredita-se, que possivelmente, fruto de mulheres, através da fermentação não induzida de algum cereal. Ela foi descoberta pouco tempo depois do surgimento do pão: os sumérios, como outras sociedades antigas, descobriram que molhando a massa do pão ela fermenta, e o resultado ficava melhor. Surge, então, a cerveja primitiva como espécie de “pão líquido”, até que os sumérios chegaram a um gênero de cerveja que consideravam “bebida divina”, geralmente, oferecida aos seus deuses.

Em 500 a.C. e no período subsequente, gregos e romanos deram preferência ao vinho, divina bebida entregue aos homens por Baco. A cerveja passou então a ser a bebida das classes menos favorecidas, muito apreciada em regiões sob domínio romano, principalmente pelos germanos e gauleses.

Muitos romanos consideravam a bebida desprezível e típica de povos bárbaros. Praticamente só se encontrava cerveja fora dos limites do Império Romano, onde era difícil comprar vinho. Apesar da cerveja ter evoluído ao longo dos séculos, apresentando diferentes tipos e qualidade. Na Idade Média, as mulheres assumiram a responsabilidade pela produção caseira da cerveja, que era servida para toda família, inclusive no desjejum. Era uma opção barata e acessível, diferente do vinho, que era caro e de difícil acesso para os menos afortunados.

Nesta época, os mosteiros do século VI tiveram uma importância fundamental no desenvolvimento de técnicas e receitas que melhoraram muito a qualidade da cerveja. No século IX, monges beneditinos alemães começaram a produzir cerveja em larga escala, por motivo religioso: considerando que naquele tempo, durante a Quaresma, nos monastérios medievais só se podia fazer uma refeição ao longo do dia, os religiosos passaram a tomar cerveja, já que a abstenção não se estendia aos líquidos.

A cerveja assim torna-se um símbolo da cultura germânica. Foi por volta do ano 700 d.C, a Bavária abriu sua primeira cervejaria, que ficava dentro de um mosteiro. A partir de então, a cerveja foi sendo difundida para os demais países da Europa, que foram aperfeiçoando suas produções locais até chegarem ao que conhecemos hoje.

Cerveja no Brasil

A popularização da cerveja brasileira se dá a partir do século XVII, através de sua chegada com a colonização holandesa (1634-1654), pela Companhia das Índias Ocidentais. Em 1637, o holandês Maurício de Nassau chegou ao Brasil junto com o cervejeiro Dirck Dicx. Em outubro de 1640, eles abriram a primeira fábrica de cerveja das Américas. Na residência chamada “La Fontaine”, fabricavam uma cerveja encorpada, com cevada e açúcar.

No Brasil colonial, o vinho e a cachaça eram as bebidas mais populares. Isso porque, os portugueses impunham leis de incentivo à venda dos seus vinhos, e o comércio de importação e exportação era exclusivo com Portugal. Em 1785, a rainha Dona Maria I assinou um alvará que proibia a existência de fábricas

e manufaturas na colônia.

Em 1808, quando a Família Real portuguesa desembarcou no nosso país, muita coisa mudou. Logo ao chegar, D. João IV decretou a abertura dos portos

às nações amigas e revogou o alvará da rainha Dona Maria I. Até 1814, a abertura dos portos beneficiou exclusivamente a Inglaterra, o que significava que a cerveja consumida no Brasil era de origem britânica. Os ingleses dominaram o mercado das cervejas importadas até 1870. A partir da segunda metade do século XIX, por influência da imigração, a preferência passou a ser pela cerveja alemã. Ela vinha em garrafas e em caixas, ao contrário das inglesas, que vinham em barris. A cerveja alemã era o oposto da inglesa: clara, límpida, conservava-se melhor e agradava mais ao paladar. Foi então que nasceu o hábito de beber cervejas em garrafas de vidro.

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