Juventude no campo


Fomentar o interesse pelo agro é pilar de atuação para entidades de classe

Nos últimos 20 anos, o Brasil perdeu quase 40% da sua população jovem no meio rural, segundo o IBGE. É o chamado êxodo rural, um fenômeno antigo, mas ainda atual: milhares de jovens continuam deixando o campo em busca de estudo, emprego e qualidade de vida nas cidades. Apesar disso, uma nova geração começa a rever esse movimento, apostando no agro como carreira e projeto de vida.

O aumento da procura por cursos técnicos ligados ao agro — como os oferecidos pelo Sistema FAEMG SENAR — indica que há sim um movimento de retorno, ou, no mínimo, de permanência. Sucessão familiar, gestão de propriedades, agricultura de precisão e pecuária sustentável estão entre os temas que mais atraem essa nova leva de jovens rurais.

É o caso de Marina Comini, de apenas 15 anos. Natural de Montes Claros (MG), ela cresceu na fazenda do avô, Mário Mol. “Desde pequena, eu sabia que queria continuar esse trabalho. Nunca pensei em sair do campo. Meu sonho é plantar café, trabalhar com meu pai e meu avô, e manter essa história viva”, conta.

A família está na lida rural há quatro gerações. O avô é associado ao Sindicato Rural há mais de 13 anos. “Foi com ele que aprendi a cuidar dos animais. Ele sempre fez questão de me mostrar que o campo tem valor”, diz Marina, que hoje já participa das decisões e tem planos claros de estudar Agronomia.

Apesar da idade, Marina representa um tipo de jovem cada vez mais comum no interior: aquele que reconhece as dificuldades, mas escolhe ficar. “A gente sabe que não é fácil. Falta incentivo, apoio, e às vezes dá vontade de desistir. Mas vale a pena. O campo tem muita força, e precisa de gente nova que queira fazer a diferença”, afirma.

Este ano, a participação dela ganhou visibilidade com a Expomontes, uma das maiores feiras agropecuárias de Minas Gerais. Escolhida como Rainha do Sindicato Rural e para além do glamour do título, o papel de Marina na festa tem um simbolismo forte: é a juventude rural ocupando espaços de representação em um setor historicamente liderado por adultos.

Para o presidente do Sindicato Rural de Montes Claros, Alexandre de Aguiar Rocha, as feiras são espaços de conexão, negócios, visibilidade e troca importantes para fomentar o interesse dos jovens pelo setor. “A Expomontes mostra que o campo pode ser moderno, cheio de possibilidades. Isso motiva. A gente percebe que pode sim ter futuro aqui, sem abrir mão das nossas raízes”, reflete Rocha.

Para ele, ver jovens como Marina que não só esperam, mas projetam no agro um futuro, ainda que com os desafios — da sucessão familiar à falta de políticas públicas específicas —, traz renovação ao setor. “O interesse por inovação, tecnologia e negócios sustentáveis mostra que o campo já não é mais visto como atraso, mas como oportunidade”, garante.

Atuação com as crianças


A representatividade trazida por Marina para a Expomontes não é a única preocupação do Sindicato para a festa. Já se tornou tradição e se fortalece a cada ano, também, a ação educativa promovida com as crianças em idade escolar.

No último ano, a entidade trouxe, em parceria com o Sistema CNA, a Carreta Agro pelo Brasil, com número recorde de visitas a nível nacional e um trabalho intenso de divulgação da amplitude do trabalho do produtor rural.

No estande institucional, foram recebidas centenas de crianças que puderam conhecer os produtos do campo, além de ter uma experiência ultra imersiva com os óculos de realidade virtual e conhecer de perto algumas atividades, como a apicultura. Tudo isso sem sair do estande.

“Neste ano, intensificaremos ainda mais nossa atuação junto ao público jovem, principalmente o infantil, mostrando a eles as oportunidades que os negócios rurais trazem, e como a atividade é fundamental para a construção e manutenção do Brasil, bem como para a nossa maior preocupação: produzir alimento de qualidade, promover a segurança alimentar e a sustentabilidade”, finaliza Alexandre.

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