Com patrocínio da Cemig, a companhia leva seu mais novo trabalho a oito cidades do interior de Minas Gerais, com apresentações e oficinas gratuitas. Dirigida por Eugênio Tadeu, a peça é um convite à imaginação e leva o público a viajar por canções da infância de cinco continentes.
Em maio, o Grupo Maria Cutia, de Belo Horizonte, circula por oito cidades do interior de Minas com apresentações de espetáculos e oficinas gratuitas. A primeira parada é Montes Claros (MG) que vai receber no dia 14 de maio, quarta-feira, das 18h às 20h, uma oficina brincante para estudantes de arte, educadores e interessados em geral. E, no dia 15 de maio, quinta-feira, a peça “Mundos”, que propõe um passeio sonoro pela infância do Brasil, Colômbia, Tonga, França, Benin e Holanda, será apresentada às 19h30, no Largo Georgino Júnior (em frente ao Solar dos Sertões). Mais informações: @grupomariacutiadeteatro. Este projeto é patrocinado pela Cemig, por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura de Minas Gerais, com a realização do Governo de Minas Gerais – Governo Diferente Estado Eficiente.
“Eu tenho um carinho especial por Montes Claros que foi a cidade onde nasci. Foi em Montes Claros que vi meu primeiro espetáculo de teatro de rua: Romeu e Julieta do Galpão na praça da Catedral. Um momento que plantou em mim o sonho de fazer teatro de rua”. A fala é da atriz e fundadora do Grupo Maria Cutia, Mariana Arruda.
Ela conta que o Maria Cutia nasce também como uma companhia de teatro de rua, formada pelos atores-cantores-palhaços-músicos Mariana Arruda, Leonardo Rocha e Hugo da Silva e a produtora e gestora Luisa Monteiro. Ao longo de 19 anos, a trupe fez passagem por seis países, 24 estados e mais de 200 cidades brasileiras. “Cada vez mais, em suas andanças pelo Brasil, o Maria Cutia tem se apresentado nas salas de teatro. Fazer teatro de rua, ocupar o espaço público hoje, exige uma série de burocracias ao artista. Mas, toda vez que a gente tem a chance de sonhar uma nova turnê, surge a rua como o melhor palco desse sonho. Na rua, o teatro encontra a poesia de cada cidade. A mistura de idades, credos, classes do público”, comenta Mariana.
Só em 2024, o Grupo Maria Cutia levou o espetáculo “Mundos” pelo projeto Palco Giratório do Sesc por quase 30 cidades de 13 estados do país. Agora o trabalho está de volta a Montes Claros. Na primeira vez em que esteve na cidade, a apresentação foi realizada com ingressos pagos. Desta vez, o público tem a oportunidade de assistir à peça de graça na Praça. Depois de Montes Claros, o projeto do Maria Cutia de circulação com espetáculo e oficinas segue ainda por São Francisco (16.05), Salinas (18.05), Almenara (19 e 20.05), Araçuaí (21.05), Virgem da Lapa (22.05), Minas Novas (23.05) e Teófilo Otoni (24 e 25.05).
Sobre o espetáculo
Em “Mundos”, brinquedos e objetos são ressignificados, assumindo funções diversas. Tangram, tecidos, traca traca (escadinha de Jacó), pratos, copos e talheres viram brincadeira nas mãos dos atores. “É um espetáculo com linguagem bastante sonora e plástica. Queremos provocar imagens, sensações no público. A transformação dos elementos cênicos exige uma execução cênica precisa dos atores. Os movimentos dos corpos, a manipulação de objetos, a plasticidade combinadas às canções, trazem elementos que não são ilustrativos, mas que se contrapõem. O resultado é um espetáculo onírico e que pode tocar a imaginação, explica o diretor Eugênio Tadeu.
Referência na pesquisa de jogos e brincadeiras, o artista brincante Eugênio Tadeu (‘Duo Rodopião’ e ‘Serelepe’) possui um trabalho de catalogação de canções da infância de diferentes países, sobretudo da América Latina. Em encontros com os atores, a ideia foi expandir o repertório: “Le Berceuse Du Mono” (Benin), “Ana Latu” (Tonga – Oceania), “Berend Botje” (Holanda), “Inelê” (Indonésia), “Hiraita” (Japão), “Le Petit Ver de Terre” (França), “Cocorobé” (Colômbia) e “Canto do Mundo” (Brasil). A exceção da última música que é uma composição dos atores com o diretor, todas as outras são domínio público e do folclore de cada país.
“É algo novo o Maria Cutia cantando em outras línguas. Por mais que tente falar muito bem a pronúncia dos fonemas, acaba sendo incorporado ao nosso timbre e à nossa forma de falar, criando quase uma outra língua”, revela a atriz Mariana Arruda. Para Leonardo Rocha, “Mundos” é um espetáculo universal. “Pode ser apresentado no Brasil ou na China que todos vão entender”, afirma.
No palco, os atores Dê Jota, Leonardo Rocha, Mariana Arruda e Hugo da Silva estão acompanhados de Vitim Nascimento e Evandro Heringer que executam os arranjos originais criados por Tinho Menezes e Felipe Fleury para trilha do espetáculo. Além de diversos objetos, os atores também manipulam uma grande caixa circular que funciona como cenário.
“A caixa foi pensada inicialmente para ser uma espécie de epicentro da cena, e a partir dela, nasceria toda a movimentação dos atores, os objetos, como se norteasse o percurso do espetáculo, como uma bússola. Durante o processo, chegamos à representação do mundo, algo como a imagem da Pangeia, os continentes juntos”, diz o ator Leonardo Rocha que assina a concepção do cenário. À medida que os atores a movimentam em cena, são revelados, na estrutura de madeira, desenhos e símbolos pintados à mão pelo artista pernambucano Rai Bento. “Um mapa meio místico, onírico, que mistura seres marinhos, caravelas, fases da lua, sol, navios, sereias, um mapa bem brincante”, conta Mariana Arruda.
Em “Mundos”, Rai assina as pinturas e também a direção de arte cenografia e adereços. O desenho de luz, proposto por Richard Zaira e Pedro Paulino, contribui com a visualidade e a atmosfera onírica do espetáculo. Os figurinos, criados pelo parceiro Luiz Dias, reúnem em si recortes de peças típicas de várias partes do mundo. Parceria que vem de 2011, no espetáculo “Como a gente Gosta”, a cantora e professora Babaya assume a direção e preparação vocal de mais um trabalho da trupe. Outra parceria desta montagem é com a bailarina Eliatrice Gischewski, que assina o desenho de cena de uma das canções.
Sobre a “Oficina Brincante com Grupo Maria Cutia”
Voltada para educadores, brincantes, artistas e interessados em geral, a “Oficina Brincante com Grupo Maria Cutia” traz conteúdo brincante e lúdico e propõe uma vivência cantante com um repertório de cantigas de roda, canções de cortejo, brinquedos cantados e histórias musicadas que foram colhidas ao longo das peregrinações do grupo pela Amazônia, no Nordeste, no Vale do Jequitinhonha, no Norte de Minas e em países da África de Língua Portuguesa. “As histórias serão conduzidas com pitadas de técnicas de expressão vocal e corporal, de improvisação e do princípio da música-em-cena”, explica a coordenadora de produção da companhia, Luisa Monteiro. A oficina já foi ministrada pelo Maria Cutia em escolas da rede particular e pública de Belo Horizonte, em festivais e turnês da companhia por dezenas de cidades brasileiras e nos países africanos de Língua Portuguesa. A duração é de duas horas. As inscrições são gratuitas e serão realizadas por formulário do googleforms. As cidades que recebem a oficina são: Montes Claros, Almenara e Teófilo Otoni.
Grupo Maria Cutia de Teatro
Companhia de teatro nasceu em Belo Horizonte, em 2006, e desde então busca espalhar teatro por praças e palcos, capitais e sertões, movido pela cumplicidade com o público e por uma poética popular, lúdica e musical. Tem como principais linhas de investigação cênica o diálogo entre música e teatro, a linguagem do palhaço, da máscara expressiva e das tradições brincantes brasileiras. Os espetáculos do grupo são marcados pela trilha sonora executada ao vivo em cena e por um forte e sincero diálogo com o público. O Grupo Maria Cutia já se apresentou em 6 países, 23 estados nacionais e mais de 200 cidades brasileiras, para um público de mais de 700 mil espectadores, em 19 anos de história. Em 2011 o Grupo Maria Cutia inaugurou sua sede, a Toca da Cutia, em Belo Horizonte. Nesse espaço, além de escritório de produção e local de ensaios artísticos, a companhia realizou oficinas brincantes, cursos e treinamentos de Palhaçaria. Desde 2011, promove a temporada de cursos de verão, com oficinas intensivas de curta duração e, desde 2018, o Maria Cutia desenvolve o CURSAÇO (curso de palhaçaria anual). Em 2023, fizeram o Palhaçatório – Laboratório de Palhaçaria do Maria Cutia que aconteceu em BH, Sete Lagoas e Itabirito.
Espetáculos de repertório (em circulação):
– “Mundos” (2023) – espetáculo cênico musical com canções das infâncias dos 5 continentes com direção de Eugênio Tadeu.
– “Aquarela” (2021) – show cênico com canções autorais sobre o universo da infância com direção coletiva e orientação artística de Eugênio Tadeu.
– “Auto da Compadecida” (2019) – versão do consagrado texto de Ariano Suassuna com direção de Gabriel Villela;
– “Engenho de Dentro” (2018) – solo premiado do ator Leonardo Rocha com direção de Eduardo Moreira e Antônio Rodrigues.
– “ParaChicos” (2017) – show cênico com canções de Chico Buarque cantadas pela palhaça Begônia com direção de Lira Ribas.
– “Ópera de Sabão” (2015) – melodrama radiofônico com dramaturgia original de Raysner de Paula, direção de Eduardo Moreira e trilha original do Maria Cutia.
– “Francisco – Mariana Arruda canta Chico Buarque” (2015) – show cênico com direção de Lira Ribas.
– “Como a Gente Gosta” (2011), comédia musical sobre o amor livremente inspirado na obra
– “Como Gostais” de William Shakespeare com direção de Eduardo Moreira e trilha original do Maria Cutia.
– “Na Roda” (2006) – espetáculo brincante com direção coletiva.
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